A Ford foi mesmo inovadora com o Fiesta Supercharger. O primeiro carro nacional a trazer de fábrica um compressor mecânico foi logo um modelo de 1.000 cm³, o que o tornou relativamente acessível, fazendo com que seja um carro bastante freqüente neste Consultório. Outros leitores enviaram consultas para o mesmo modelo, mas selecionamos as duas acima por serem representativas das modificações mais interessantes.
O compressor ainda é pouco utilizado pelos preparadores brasileiros, apesar de toda a fama que obteve com filmes como Mad Max. Trata-se de um sistema de superalimentação simples e de razoável eficiência, além de mais barato e fácil de manter que o turbo. Como este, porém, necessita de uma taxa de compressão mais baixa que a do motor de aspiração natural, sob risco de gerar detonação com facilidade.
O novo Fiesta, por sua vez, presta-se bem à preparação. A combinação de um motor compacto (com pequeno curso de pistões, o que o habilita a alcançar elevada rotação sem lhes impor uma velocidade excessiva) e um chassi muito bem executado, que deixa a clara impressão de aceitar maior desempenho sem problemas, promete torná-lo uma base muito interessante para os preparadores.
Simulamos três receitas para o Supercharger:
1) Apenas modificações no motor (em roxo)
Por ser um motor equipado com compressor mecânico, pode usar coletor de escapamento dimensionado. Sendo assim, a receita abrange o novo coletor, filtro de ar esportivo e o remapeamento da injeção e ignição ou seu ajuste por equipamento paralelo.
Como a capacidade de aspiração do motor aumenta de 65 cfm para 71 cfm, o compressor não conseguirá alcançar a mesma pressão, já que ele não se auto-ajusta como um turbo, que seria acelerado pela maior quantidade de gases de escapamento. Portanto, para evitar a perda de pressão, é necessário ajustar a relação entre as polias em 10%, o que levará a vazão do compressor de 116 cfm para 127 cfm, mantendo o mesmo nível de pressão
2) Aumento de pressão (em verde)
Consiste em alterar a relação entre as polias que movimentam o compressor, fazendo-o atingir uma rotação mais alta e conseguindo uma vazão maior. Mas isso não pode ser feito indefinidamente, sob pena de o compressor começar a trabalhar fora da faixa para a qual foi projetado. Nesta condição ele perde eficiência, ou seja, consome muita energia para um pequeno acréscimo na vazão.
Uma alteração de 20% na relação de polias levaria a pressão máxima para 1,3 kg/cm² e a vazão a 137 cfm, chegando o compressor a cerca de 17.000 rpm, o que não avança em demasia sobre a margem de projeto.
3) Ambas as anteriores e nitro (em vermelho)
Com o acréscimo de um kit de injeção de óxido nitroso o compressor é levado ao limite de eficiência e resistência. Com a combinação das duas preparações ele deverá produzir uma vazão de 151 cfm para alcançar a mesma pressão de 1,3 kg/cm². Para isso é necessário, além das alterações já descritas, modificar a relação de polias em 30%, o que o levará a cerca de 19.500 rpm. Tudo isso é combinado a um kit nitro de 60 cv.
Os resultados Como se pode ver, o desempenho do Fiesta ficará bem interessante. A preparação 1 não representa grande aumento de potência, mas já o torna superior ao 1,6-litro de 98 cv neste quesito. Só que, como é normal em receitas aspiradas, torque e potência são transferidos para regimes mais altos, o que acaba prejudicando o desempenho nas rotações inferiores.
Uma das vantagens do compressor mecânico é dar uma "sobrevida" ao motor ao superar a rotação de potência máxima, quando evita que a curva de potência caia muito rápido. Isso ocorre porque o sistema aumenta de rotação junto com o motor. Como a preparação aspirada também leva o motor a respirar melhor em alta rotação, neste caso somar ambos os recursos não traz bons resultados.
As curvas de potência do Fiesta Supercharger original (em azul), com preparação aspirada (em roxo), com aumento de pressão do compressor (em verde) e com ambas as receitas somadas ao kit de óxido nitroso (em vermelho)
Pode-se constatar essa teoria no modesto desempenho obtido pelo Fiesta assim preparado na simulação. O que se ganhou em potência em alta rotação não pôde ser aproveitado, pois o motor não foi projetado para atingir os altíssimos giros que ficam disponíveis pela ação conjunta do compressor e da preparação. Se o câmbio for corretamente encurtado ainda se pode ganhar 5 km/h em velocidade máxima... Mas, se isso não for feito, o ganho se resume a 1 km/h.
O que se pode concluir, a partir desta simulação malsucedida, é que uma preparação leve na parte de aspiração só se justifica, neste caso, se for pretendido aumentar um pouco a pressão do compressor. Ou, em alternativa, se for feito um grande trabalho de reforço, balanceamento e alívio de peso das partes móveis, para permitir o motor girar acima de 8.000 rpm. Com isso o limite de giros poderia ser largamente estendido, permitindo ao pequeno 1,0-litro liberar o potencial da preparação. Na receita 2 as coisas já mudam bastante: o ganho de potência e de torque é relevante em todos os regimes, trazendo mais 22,5 cv e 3 m.kgf — nos mesmos pontos máximos do motor original, o que elimina o problema da preparação 1. O carro ficará mais potente que o Focus 1,8 16V e que qualquer de seus concorrentes do segmento dos pequenos, já que o líder Polo 2,0 tem 116 cv. A velocidade máxima (189 km/h) e a aceleração de 0 a 100 km/h (10 segundos) representam ganhos expressivos.
Como para o verdadeiro entusiasta potência nunca é demais, como fica o Supercharger com a preparação 3? Muito interessante. Aliando as duas receitas anteriores a um kit de nitro — sistema que ganhou fama no Brasil com a divulgação maciça no filme Velozes e Furiosos, de 2001 —, o pequeno Fiesta chegará a quase 190 cv e 20,8 m.kgf, números que o habilitam a competir com carros como Stilo Abarth e Golf GTI! O desempenho simulado é surpreendente: máxima de 220 km/h e apenas 7,1 segundos para arrancar de 0 a 100 km/h.
No caso das preparações 1 e 3 será necessário, ao reprogramar a injeção, modificar o limitador de rotações para 7.500 rpm, sem o que o motor vai "cortar" muito cedo, prejudicando as acelerações e tornando o ganho de potência muito discreto no caso da primeira receita.
Além disso, o Fiesta deverá receber outras mudanças para aproveitar melhor suas novas características. A relação final de transmissão deve ser encurtada, na preparação 1, e alongada nas demais. Para a primeira, uma opção é substituir o diferencial 4,25:1 pelo do Fiesta 1,0 aspirado (4,56:1), que representa 7,3% de encurtamento.
Para as outras é preciso trocar todo o câmbio. Se for usado o do Fiesta 1,6, que tem todas as marchas mais longas que as do Supercharger, a quinta ficará 13,7% mais longa, portanto além das necessidades. Assim, uma opção é combinar o câmbio do 1,6 ao diferencial do 1,0 aspirado, o que resultará em uma quinta 8,8% mais longa que a do Supercharger original
As curvas de torque do Fiesta Supercharger original (em azul), com preparação aspirada (em roxo), com aumento de pressão do compressor (em verde) e com ambas as receitas somadas ao kit de óxido nitroso (em vermelho)
Isso tudo supõe que o proprietário enfatize o equilíbrio entre a rotação de potência máxima e a de velocidade final, elemento necessário para atingir a maior velocidade que o motor permite. De acordo com as prioridades — melhores acelerações, menor consumo e ruído em viagem —, as relações originais podem ser mantidas ou ser adotado o câmbio do Fiesta 1,6, com o diferencial original, que é o mesmo para ambos os motores.
Na primeira receita o conjunto original de "chassi" pode ser mantido, dos pneus aos freios. Na segunda, algumas alterações se tornam necessárias: pneus 185/60-14 em vez de 175/65-14, podendo-se passar a 195/50-15 para aderência e estabilidade ainda melhores, além de pastilhas de freio mais macias. A suspensão não requer acertos, pois seu comportamento no carro original já garante uma folga suficiente para o novo desempenho. Até barra de amarração dianteira já vem de fábrica!
A preparação 3, naturalmente, exige cuidados bem maiores. É necessário um novo sistema de escapamento, com diâmetro ampliado em 40%, sobretudo devido ao aumento no volume de gases provocado pelo nitro. Os pneus devem ser 195/50-15, 205/50-15 ou 205/45-16, os dois últimos com diâmetro pouco maior, mas ainda dentro de uma tolerância razoável.
Rodas de 18 pol, como pretende um dos leitores, exigiriam pneus extremamente baixos — algo como 205/30-18 — para manter o diâmetro original. Além de difíceis de encontrar, seriam muito vulneráveis a danos em buracos. Por isso, nossa recomendação é que não se ultrapassem 16 pol. Os freios devem ser substituídos por outros com discos maiores e ventilados, sendo a disco também na traseira. Uma adaptação de componentes do Focus, por exemplo, pode ser considerada.
Para a suspensão, um redimensionamento das molas e dos amortecedores, com aumento de carga em 20 a 30%, garante a firmeza necessária para as novas velocidades alcançadas e diminui a transferência de peso para trás nas arrancadas, que leva a perda de tração. O BCWS não recomenda o rebaixamento , mas ele pode ser útil no caso da preparação 3, por baixar o centro de gravidade e facilitar o controle de toda a potência disponível. No entanto, se o proprietário pretende usá-lo no dia-a-dia, com ruas e estradas tão irregulares, é melhor conservar a altura original.
Ao final desse completo reestudo, o pequeno Supercharger ficará tão picante que bem poderia ganhar um novo significado para o nome que leva na traseira: seu desempenho será o bastante para assustar os fãs do velho (Dodge) Charger, símbolo de potência na década de 70.
Abaixo, as curvas de tempo para cada distância até os 500 m, útil para quem pretende saber os tempos de arrancada para pistas fora do padrão.
Abaixo as curvas de velocidade para cada distância até os 500 m, pois muitos campeonatos também premiam a passagem mais veloz. Observe a perda de velocidade durante as trocas de marcha, quando o carro está sem tração mas as forças contrárias ao movimento continuam agindo. Isso dá origem aos "degraus" que se vêem nas curvas.
Abaixo as curvas de aceleração longitudinal para cada distância até os 500 m, informação crucial para se pesarem as forças que atuam sobre o carro no momento da arrancada, ajudando a identificar problemas de perda de tração. É interessante notar como a aceleração mostra claramente as trocas de marcha, pois nestes momentos o carro desacelera e a curva mostra um "dente" pra baixo, quando a aceleração fica negativa.
Abaixo pode-se ver a evolução da potência à medida em que se troca de marcha nos pontos ideais. Observe a evolução da rotação e da potência resistiva, gerada pelas forças de atrito e pela resistência aerodinâmica. Nestes gráficos nota-se facilmente a adequação entre câmbio, rotação máxima do motor e a potência.
Quando estas variáveis estão ajustadas de forma a visar maior velocidade máxima e arrancada em menor tempo, a curva de potência não possui degraus bruscos, cruzando com a curva de potência resistiva em um dos pontos mais altos das marchas finais. Quando a curva de potência resistiva se cruza com a curva de potência, a velocidade final é alcançada, pois as forças se equilibram e a velocidade do carro deixa de subir. Há um gráfico para cada opção simulada, sendo o primeiro da condição original, seguido das preparações.
Fonte:bestcars
http://www2.uol.com.br/bestcars/cp/fiesta-1.htm
O compressor ainda é pouco utilizado pelos preparadores brasileiros, apesar de toda a fama que obteve com filmes como Mad Max. Trata-se de um sistema de superalimentação simples e de razoável eficiência, além de mais barato e fácil de manter que o turbo. Como este, porém, necessita de uma taxa de compressão mais baixa que a do motor de aspiração natural, sob risco de gerar detonação com facilidade.
O novo Fiesta, por sua vez, presta-se bem à preparação. A combinação de um motor compacto (com pequeno curso de pistões, o que o habilita a alcançar elevada rotação sem lhes impor uma velocidade excessiva) e um chassi muito bem executado, que deixa a clara impressão de aceitar maior desempenho sem problemas, promete torná-lo uma base muito interessante para os preparadores.
Simulamos três receitas para o Supercharger:
1) Apenas modificações no motor (em roxo)
Por ser um motor equipado com compressor mecânico, pode usar coletor de escapamento dimensionado. Sendo assim, a receita abrange o novo coletor, filtro de ar esportivo e o remapeamento da injeção e ignição ou seu ajuste por equipamento paralelo.
Como a capacidade de aspiração do motor aumenta de 65 cfm para 71 cfm, o compressor não conseguirá alcançar a mesma pressão, já que ele não se auto-ajusta como um turbo, que seria acelerado pela maior quantidade de gases de escapamento. Portanto, para evitar a perda de pressão, é necessário ajustar a relação entre as polias em 10%, o que levará a vazão do compressor de 116 cfm para 127 cfm, mantendo o mesmo nível de pressão
2) Aumento de pressão (em verde)
Consiste em alterar a relação entre as polias que movimentam o compressor, fazendo-o atingir uma rotação mais alta e conseguindo uma vazão maior. Mas isso não pode ser feito indefinidamente, sob pena de o compressor começar a trabalhar fora da faixa para a qual foi projetado. Nesta condição ele perde eficiência, ou seja, consome muita energia para um pequeno acréscimo na vazão.
Uma alteração de 20% na relação de polias levaria a pressão máxima para 1,3 kg/cm² e a vazão a 137 cfm, chegando o compressor a cerca de 17.000 rpm, o que não avança em demasia sobre a margem de projeto.
3) Ambas as anteriores e nitro (em vermelho)
Com o acréscimo de um kit de injeção de óxido nitroso o compressor é levado ao limite de eficiência e resistência. Com a combinação das duas preparações ele deverá produzir uma vazão de 151 cfm para alcançar a mesma pressão de 1,3 kg/cm². Para isso é necessário, além das alterações já descritas, modificar a relação de polias em 30%, o que o levará a cerca de 19.500 rpm. Tudo isso é combinado a um kit nitro de 60 cv.
Os resultados Como se pode ver, o desempenho do Fiesta ficará bem interessante. A preparação 1 não representa grande aumento de potência, mas já o torna superior ao 1,6-litro de 98 cv neste quesito. Só que, como é normal em receitas aspiradas, torque e potência são transferidos para regimes mais altos, o que acaba prejudicando o desempenho nas rotações inferiores.
Uma das vantagens do compressor mecânico é dar uma "sobrevida" ao motor ao superar a rotação de potência máxima, quando evita que a curva de potência caia muito rápido. Isso ocorre porque o sistema aumenta de rotação junto com o motor. Como a preparação aspirada também leva o motor a respirar melhor em alta rotação, neste caso somar ambos os recursos não traz bons resultados.
As curvas de potência do Fiesta Supercharger original (em azul), com preparação aspirada (em roxo), com aumento de pressão do compressor (em verde) e com ambas as receitas somadas ao kit de óxido nitroso (em vermelho)
Pode-se constatar essa teoria no modesto desempenho obtido pelo Fiesta assim preparado na simulação. O que se ganhou em potência em alta rotação não pôde ser aproveitado, pois o motor não foi projetado para atingir os altíssimos giros que ficam disponíveis pela ação conjunta do compressor e da preparação. Se o câmbio for corretamente encurtado ainda se pode ganhar 5 km/h em velocidade máxima... Mas, se isso não for feito, o ganho se resume a 1 km/h.
O que se pode concluir, a partir desta simulação malsucedida, é que uma preparação leve na parte de aspiração só se justifica, neste caso, se for pretendido aumentar um pouco a pressão do compressor. Ou, em alternativa, se for feito um grande trabalho de reforço, balanceamento e alívio de peso das partes móveis, para permitir o motor girar acima de 8.000 rpm. Com isso o limite de giros poderia ser largamente estendido, permitindo ao pequeno 1,0-litro liberar o potencial da preparação. Na receita 2 as coisas já mudam bastante: o ganho de potência e de torque é relevante em todos os regimes, trazendo mais 22,5 cv e 3 m.kgf — nos mesmos pontos máximos do motor original, o que elimina o problema da preparação 1. O carro ficará mais potente que o Focus 1,8 16V e que qualquer de seus concorrentes do segmento dos pequenos, já que o líder Polo 2,0 tem 116 cv. A velocidade máxima (189 km/h) e a aceleração de 0 a 100 km/h (10 segundos) representam ganhos expressivos.
Como para o verdadeiro entusiasta potência nunca é demais, como fica o Supercharger com a preparação 3? Muito interessante. Aliando as duas receitas anteriores a um kit de nitro — sistema que ganhou fama no Brasil com a divulgação maciça no filme Velozes e Furiosos, de 2001 —, o pequeno Fiesta chegará a quase 190 cv e 20,8 m.kgf, números que o habilitam a competir com carros como Stilo Abarth e Golf GTI! O desempenho simulado é surpreendente: máxima de 220 km/h e apenas 7,1 segundos para arrancar de 0 a 100 km/h.
No caso das preparações 1 e 3 será necessário, ao reprogramar a injeção, modificar o limitador de rotações para 7.500 rpm, sem o que o motor vai "cortar" muito cedo, prejudicando as acelerações e tornando o ganho de potência muito discreto no caso da primeira receita.
Além disso, o Fiesta deverá receber outras mudanças para aproveitar melhor suas novas características. A relação final de transmissão deve ser encurtada, na preparação 1, e alongada nas demais. Para a primeira, uma opção é substituir o diferencial 4,25:1 pelo do Fiesta 1,0 aspirado (4,56:1), que representa 7,3% de encurtamento.
Para as outras é preciso trocar todo o câmbio. Se for usado o do Fiesta 1,6, que tem todas as marchas mais longas que as do Supercharger, a quinta ficará 13,7% mais longa, portanto além das necessidades. Assim, uma opção é combinar o câmbio do 1,6 ao diferencial do 1,0 aspirado, o que resultará em uma quinta 8,8% mais longa que a do Supercharger original
As curvas de torque do Fiesta Supercharger original (em azul), com preparação aspirada (em roxo), com aumento de pressão do compressor (em verde) e com ambas as receitas somadas ao kit de óxido nitroso (em vermelho)
Isso tudo supõe que o proprietário enfatize o equilíbrio entre a rotação de potência máxima e a de velocidade final, elemento necessário para atingir a maior velocidade que o motor permite. De acordo com as prioridades — melhores acelerações, menor consumo e ruído em viagem —, as relações originais podem ser mantidas ou ser adotado o câmbio do Fiesta 1,6, com o diferencial original, que é o mesmo para ambos os motores.
Na primeira receita o conjunto original de "chassi" pode ser mantido, dos pneus aos freios. Na segunda, algumas alterações se tornam necessárias: pneus 185/60-14 em vez de 175/65-14, podendo-se passar a 195/50-15 para aderência e estabilidade ainda melhores, além de pastilhas de freio mais macias. A suspensão não requer acertos, pois seu comportamento no carro original já garante uma folga suficiente para o novo desempenho. Até barra de amarração dianteira já vem de fábrica!
A preparação 3, naturalmente, exige cuidados bem maiores. É necessário um novo sistema de escapamento, com diâmetro ampliado em 40%, sobretudo devido ao aumento no volume de gases provocado pelo nitro. Os pneus devem ser 195/50-15, 205/50-15 ou 205/45-16, os dois últimos com diâmetro pouco maior, mas ainda dentro de uma tolerância razoável.
Rodas de 18 pol, como pretende um dos leitores, exigiriam pneus extremamente baixos — algo como 205/30-18 — para manter o diâmetro original. Além de difíceis de encontrar, seriam muito vulneráveis a danos em buracos. Por isso, nossa recomendação é que não se ultrapassem 16 pol. Os freios devem ser substituídos por outros com discos maiores e ventilados, sendo a disco também na traseira. Uma adaptação de componentes do Focus, por exemplo, pode ser considerada.
Para a suspensão, um redimensionamento das molas e dos amortecedores, com aumento de carga em 20 a 30%, garante a firmeza necessária para as novas velocidades alcançadas e diminui a transferência de peso para trás nas arrancadas, que leva a perda de tração. O BCWS não recomenda o rebaixamento , mas ele pode ser útil no caso da preparação 3, por baixar o centro de gravidade e facilitar o controle de toda a potência disponível. No entanto, se o proprietário pretende usá-lo no dia-a-dia, com ruas e estradas tão irregulares, é melhor conservar a altura original.
Ao final desse completo reestudo, o pequeno Supercharger ficará tão picante que bem poderia ganhar um novo significado para o nome que leva na traseira: seu desempenho será o bastante para assustar os fãs do velho (Dodge) Charger, símbolo de potência na década de 70.
Abaixo, as curvas de tempo para cada distância até os 500 m, útil para quem pretende saber os tempos de arrancada para pistas fora do padrão.
Abaixo as curvas de velocidade para cada distância até os 500 m, pois muitos campeonatos também premiam a passagem mais veloz. Observe a perda de velocidade durante as trocas de marcha, quando o carro está sem tração mas as forças contrárias ao movimento continuam agindo. Isso dá origem aos "degraus" que se vêem nas curvas.
Abaixo as curvas de aceleração longitudinal para cada distância até os 500 m, informação crucial para se pesarem as forças que atuam sobre o carro no momento da arrancada, ajudando a identificar problemas de perda de tração. É interessante notar como a aceleração mostra claramente as trocas de marcha, pois nestes momentos o carro desacelera e a curva mostra um "dente" pra baixo, quando a aceleração fica negativa.
Abaixo pode-se ver a evolução da potência à medida em que se troca de marcha nos pontos ideais. Observe a evolução da rotação e da potência resistiva, gerada pelas forças de atrito e pela resistência aerodinâmica. Nestes gráficos nota-se facilmente a adequação entre câmbio, rotação máxima do motor e a potência.
Quando estas variáveis estão ajustadas de forma a visar maior velocidade máxima e arrancada em menor tempo, a curva de potência não possui degraus bruscos, cruzando com a curva de potência resistiva em um dos pontos mais altos das marchas finais. Quando a curva de potência resistiva se cruza com a curva de potência, a velocidade final é alcançada, pois as forças se equilibram e a velocidade do carro deixa de subir. Há um gráfico para cada opção simulada, sendo o primeiro da condição original, seguido das preparações.
Fonte:bestcars
http://www2.uol.com.br/bestcars/cp/fiesta-1.htm