Matéria Publicada em 2009, que Acabei de descobrir.
Vários livros estão sendo lançados sobre os anos 80. Eles lembram de tudo, do Cubo Mágico aos tênis Montreal. Não entendo como se esqueceram de mencionar o reservatório de partida a frio dos carros a álcool. Merecia ao menos um verbete. Existe um argumento: o de que o tanquinho velho de guerra renasceu com os carros flex fuel. Mas, pode acreditar, esse revival é modismo passageiro. A tendência é trocar o reservatório extra por sistemas de injeção que, nas condições de partida a frio, aqueçam o combustível antes de chegar ao motor.
Tendência não é força de expressão: bastou a Bosch apresentar o protótipo do Flex-Start no meio de junho para, três dias depois, a Magneti Marelli mostrar o projeto ECSS (Ethanol Cold Start System). As duas estimam lançar seus produtos num prazo de dois anos. (A Delphi reagiu com um silêncio suspeito, de quem tem curinga na manga para mostrar primeiro.) No Flex-Start, cada bico injetor recebe uma resistência elétrica; no ECSS, um injetor extra trata de aquecer o combustível e lançar no coletor de admissão.
A primeira finalidade, claro, é permitir a partida com álcool em dias frios. É uma coisa que se complica a partir de 18 ºC e fica feia de verdade abaixo de 13 ºC. Considerados os invernos rigorosos em certas cidades do Sul e as margens de segurança, a indústria nacional trabalha com carros capazes de pegar a -10 ºC. O protótipo da Bosch, um Polo 1.6, fez sua estréia diante da imprensa numa câmara a 7 ºC, indicados pelo laptop ligado ao módulo de injeção eletrônica. Na primeira tentativa, não pegou. Na segunda o motorista precisou insistir na chave, houve alguns estouros, mas ligou. "Esse projeto está numa fase inicial ainda", afirma Ferreira. Conforme o combustível e as condições climáticas, o Flex-Start pode aquecer o álcool em até 20 ºC. A Marelli vai mais longe, 40 ºC, mas as condições de injeção são menos favoráveis.
Apesar de ser um projeto tocado no Brasil, o aquecimento de combustível vai ao encontro de necessidades comuns ao mundo todo. Por exemplo, atender às normas antipoluição, cada vez mais rígidas. "Por enquanto, estamos dirigindo nossas medições para o álcool. Mas, é fato, esse é um jeito barato de baixar a emissão de poluentes também para a gasolina", afirma Fábio Souza Ferreira, gerente de desenvolvimento da Bosch. Nunca mais ter de completar o tanquinho (nem ter de esvaziar, pois a gasolina envelhece) parece um luxo, mas a palavra de ordem do projeto é baixar custos. "Eu espero esse sistema com mais ansiedade pelo Celta que pelo Vectra", diz um engenheiro da General Motors. O conjunto de partida a frio, com reservatório, chicote elétrico, tubos e bomba, custa caro. Haja dinheiro para garantir que um tanque de gasolina possa morar no cofre do motor, perto do chicote elétrico e do escapamento. Por outro lado, a partida a frio sem tanquinho requer baterias maiores - e mais caras - que as usadas em carros populares.
Aquecimento elétrico sempre gasta muita energia, e não estamos falando de chuveiros elétricos ou ferros de passar. Perceba que o fusível de maior amperagem (30 A) num carro convencional é o do desembaçador do vidro traseiro. O aquecimento dos bicos injetores é ainda mais crítico, pois gasta energia num momento em que a bateria não está sendo recarregada pelo alternador. "Um jeito de baixar a potência dos aquecedores é dar a eles mais tempo para esquentar o combustível", diz Ferreira. "Eles podem ser despertados pela abertura das portas, por exemplo."
O outro caminho para depender menos do aquecimento elétrico é melhorar as condições de queima no motor. O pacote Flex-Start inclui o aumento considerável na pressão do combustível (de 4 para 6 bar) e bicos injetores com 12 furos, em vez de quatro. As duas mudanças servem para diminuir as gotículas de combustível (de 100 para 60 microns) e, assim, melhorar a mistura na câmara de combustão.
Tempo de quentão
O combustível é bombeado a 6 bar de pressão (1). Abaixo de 18 oC (2), a central de injeção (3) libera energia às resistências elétricas nos injetores (4), por até 6 minutos, com intensidade variável.
Injeção de calor
Uma resistência elétrica, como as de chuveiro, transfere calor ao combustível. Um problema: o álcool é bom condutor elétrico. Outro problema: a potência dos aquecedores não pode passar de 360 watts, ou vai sobrecarregar fios e bateria.
Fonte: http://quatrorodas.abril.com.br/reportagens/novastecnologias/conteudo_151327.shtml
Vários livros estão sendo lançados sobre os anos 80. Eles lembram de tudo, do Cubo Mágico aos tênis Montreal. Não entendo como se esqueceram de mencionar o reservatório de partida a frio dos carros a álcool. Merecia ao menos um verbete. Existe um argumento: o de que o tanquinho velho de guerra renasceu com os carros flex fuel. Mas, pode acreditar, esse revival é modismo passageiro. A tendência é trocar o reservatório extra por sistemas de injeção que, nas condições de partida a frio, aqueçam o combustível antes de chegar ao motor.
Tendência não é força de expressão: bastou a Bosch apresentar o protótipo do Flex-Start no meio de junho para, três dias depois, a Magneti Marelli mostrar o projeto ECSS (Ethanol Cold Start System). As duas estimam lançar seus produtos num prazo de dois anos. (A Delphi reagiu com um silêncio suspeito, de quem tem curinga na manga para mostrar primeiro.) No Flex-Start, cada bico injetor recebe uma resistência elétrica; no ECSS, um injetor extra trata de aquecer o combustível e lançar no coletor de admissão.
A primeira finalidade, claro, é permitir a partida com álcool em dias frios. É uma coisa que se complica a partir de 18 ºC e fica feia de verdade abaixo de 13 ºC. Considerados os invernos rigorosos em certas cidades do Sul e as margens de segurança, a indústria nacional trabalha com carros capazes de pegar a -10 ºC. O protótipo da Bosch, um Polo 1.6, fez sua estréia diante da imprensa numa câmara a 7 ºC, indicados pelo laptop ligado ao módulo de injeção eletrônica. Na primeira tentativa, não pegou. Na segunda o motorista precisou insistir na chave, houve alguns estouros, mas ligou. "Esse projeto está numa fase inicial ainda", afirma Ferreira. Conforme o combustível e as condições climáticas, o Flex-Start pode aquecer o álcool em até 20 ºC. A Marelli vai mais longe, 40 ºC, mas as condições de injeção são menos favoráveis.
Apesar de ser um projeto tocado no Brasil, o aquecimento de combustível vai ao encontro de necessidades comuns ao mundo todo. Por exemplo, atender às normas antipoluição, cada vez mais rígidas. "Por enquanto, estamos dirigindo nossas medições para o álcool. Mas, é fato, esse é um jeito barato de baixar a emissão de poluentes também para a gasolina", afirma Fábio Souza Ferreira, gerente de desenvolvimento da Bosch. Nunca mais ter de completar o tanquinho (nem ter de esvaziar, pois a gasolina envelhece) parece um luxo, mas a palavra de ordem do projeto é baixar custos. "Eu espero esse sistema com mais ansiedade pelo Celta que pelo Vectra", diz um engenheiro da General Motors. O conjunto de partida a frio, com reservatório, chicote elétrico, tubos e bomba, custa caro. Haja dinheiro para garantir que um tanque de gasolina possa morar no cofre do motor, perto do chicote elétrico e do escapamento. Por outro lado, a partida a frio sem tanquinho requer baterias maiores - e mais caras - que as usadas em carros populares.
Aquecimento elétrico sempre gasta muita energia, e não estamos falando de chuveiros elétricos ou ferros de passar. Perceba que o fusível de maior amperagem (30 A) num carro convencional é o do desembaçador do vidro traseiro. O aquecimento dos bicos injetores é ainda mais crítico, pois gasta energia num momento em que a bateria não está sendo recarregada pelo alternador. "Um jeito de baixar a potência dos aquecedores é dar a eles mais tempo para esquentar o combustível", diz Ferreira. "Eles podem ser despertados pela abertura das portas, por exemplo."
O outro caminho para depender menos do aquecimento elétrico é melhorar as condições de queima no motor. O pacote Flex-Start inclui o aumento considerável na pressão do combustível (de 4 para 6 bar) e bicos injetores com 12 furos, em vez de quatro. As duas mudanças servem para diminuir as gotículas de combustível (de 100 para 60 microns) e, assim, melhorar a mistura na câmara de combustão.
Tempo de quentão
O combustível é bombeado a 6 bar de pressão (1). Abaixo de 18 oC (2), a central de injeção (3) libera energia às resistências elétricas nos injetores (4), por até 6 minutos, com intensidade variável.
Injeção de calor
Uma resistência elétrica, como as de chuveiro, transfere calor ao combustível. Um problema: o álcool é bom condutor elétrico. Outro problema: a potência dos aquecedores não pode passar de 360 watts, ou vai sobrecarregar fios e bateria.
Fonte: http://quatrorodas.abril.com.br/reportagens/novastecnologias/conteudo_151327.shtml